A Coragem de ter Medo

O medo. Medo de ter medo, medo de agulhas, medo da noite, medo de falar em público, medo do mar, medo da morte...


Ontem à noite, eu estava passando por um dos corredores da universidade em que estudo, quando encontrei um grupo de colegas reunidos e fui convidada a participar da conversa. Depois de alguns minutos de assuntos aleatórios e vagos, eis que surge o tema-dilema do problema de saúde de uma das minhas amigas, e a noticia de que ela iria se afastar da cidade por um tempo, para uma transplante-solução do tal problema. A operação total será complicada, delicada e de longo tempo (seis meses), mudanças drásticas irão acontecer em seu corpo, e muitas, com a paciente em estado inconsciente. É a solução para ela, a melhor alternativa apesar dos riscos. Mas, logo nas primeiras frases do seu depoimento-cofissão conosco, a vidraça dos seus olhos negros quebram, e a mulher líder e forte deixa escorrer entre nós as lágrimas da garotinha com medo que nunca deixou de ser. Como o gelo derretendo, foi se derretendo em palavras, e seu medo antes escondido, foi mostrando as caras no espetáculo do social. E o medo de cada um de nós se encontrava com o medo dela, e fomos nos tornando todos cristais frágeis expostos as palavras calorosas de ternura que dizíamos em direção da adorável garota que ali confessava “eu tenho medo!”, e dentro de nós mesmos dizíamos conformados “eu também”.
Sentir medo é tão natural quanto sentir fome. E o mais bravo guerreiro, não é aquele destemido, mas o que sabe aceitar seu medo e superá-lo. É essencial sabermos administrar o medo que temos, olhá-lo de frente, aceitar sua existência e explicá-lo que ele não atrapalhará nosso planos, não mudará nosso rumo e não nos manipulará! Pois, o medo é meu, mas eu, jamais serei dele.




Foto por Cezar da Luz

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