Hoje eu acordei com vontade de dormir, de dormir até mais tarde e só acordar quando minha mãe chamasse por que o café estava na mesa. Mas nem ele estava na mesa e nem ela estava lá. Então eu levantei sem vontade de pentear o cabelo e escovar os dentes, com vontade ver meu desenho animado favorito e depois correr para a rua encontrar a garotada. Pegar a bicicleta e “viajar” para o outro bairro escondido de minha mãe. Voltar pra casa todo sujo e ver ela na porta me esperando, com cara de brava e mãos na cintura, mas aguardando com um abraço forte pra me dar.
Porém, olhei no espelho, e o garotinho não estava lá, minha barba por fazer me apresentava uma imagem ainda mais rancorosa e meus olhos caídos pareciam tão tristes.
Foi então que eu decidi – Vou visitar minha velha mãe! Dar-lhe um abraço forte e fazer voltar todo esse tempo que me faz falta.
A viagem foi longa e a expectativa era saltitante e ansiosa. E quando cheguei, a casa verde estava lá e a árvore do balanço também! Corri como se estivesse correndo para a maquina do tempo, para o túnel que me levaria a verdadeira felicidade!
Mas a porta ainda de madeira, me barrou da correria, me bateu na cara bem forte pra lembrar - me que ela não estava mais lá. Que seu lugar agora era no Cemitério São José, e que aquela senhora doce que fazia doces tão bem, não voltaria mais. Que esse tempo não volta mais, que a garotada não volta mais. “Que o que passou calou”.
Que eu, não sou mais eu, e que eu não volto mais.
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